Como solução para melhora da mobilidade urbana em grandes metrópoles nacionais como São Paulo, a implementação de ônibus inteligentes é vista como alternativa para um transporte mais seguro e eficiente
Diariamente, cerca de 2,04 bilhões de brasileiros fizeram uso de ônibus como sistema coletivo público de transporte apenas na capital paulista, em 2022, de acordo com dados divulgados pela Agência Brasil, enquanto mais 2,3 bilhões de cidadãos são contabilizados na utilização dos sistemas de transporte da malha metroferroviária nacional, conforme aponta o levantamento mais recente voltado a monitoração do serviço, o Balanço do Setor Metroferroviário Brasileiro 2022, divulgado em abril deste ano pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
Observada a alta demanda da população brasileira, que chega a comprometer, em média, até 15% de sua renda com o uso de transportes públicos, a fundamentalidade de investimento em mobilidade urbana se mostra nítida. Segundo o estudo “Mobilidade Urbana no Brasil: marco institucional e propostas de modernização”, divulgado em maio de 2023 pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), é estimado que R$ 295 bilhões seja o valor necessário para modernização do transporte público no país.
De modo a se tornar compatível à própria realidade urbana, especialistas acreditam que a cidade de São Paulo seria capaz de adentrar a modernidade a partir da incorporação de novas tecnologias em seus sistemas de transporte. Os chamados ônibus inteligentes ofereceriam maior velocidade, confiabilidade, segurança e conforto aos seus passageiros. A Advantech, empresa que fornece produtos e soluções no campo de tecnologia embarcada e automação, é uma das empresas interessadas em transformar ônibus comuns em ônibus inteligentes.
Ao ser questionada sobre quais são, atualmente, as principais tecnologias que podem ser empregadas em ônibus urbanos, Rosane Roverelli, manager director da Advantech Brasil conta que sensores, câmeras, sistemas de comunicação sem fio, sistemas de assistência ao motorista e inteligência artificial podem equipar os veículos, tornando-os mais competentes do que os ônibus convencionais
Roverelli analisa também como outros países têm atuado com a inovação tecnológica de modais de transporte urbano, e quais experiências e soluções podem ser trazidas de fora para o Brasil:
Holanda: O país é conhecido por sua extensa rede de ciclovias e pela promoção do ciclismo como meio de transporte urbano. As cidades holandesas têm investido em infraestrutura ciclística, como ciclovias segregadas, estacionamentos para bicicletas e sistemas de compartilhamento delas. Rosane afirma que essa abordagem pode ser aplicada no Brasil, com estímulo do uso de tal transporte como uma alternativa de transporte limpo e saudável.
Cingapura: Cingapura adota soluções de mobilidade integrada, como aplicativos que fornecem informações em tempo real sobre diferentes modos de transporte, incluindo transporte público, compartilhamento de bicicletas e carros, e táxis. Esses aplicativos permitem que os usuários planejem suas viagens com eficiência, escolhendo a melhor combinação de modos de transporte disponíveis. O Brasil pode se beneficiar da adoção de soluções de mobilidade integrada semelhantes para melhorar a conveniência e a eficiência do transporte urbano.
China: diversas cidades chinesas têm investido fortemente em sistemas de transporte público de alta capacidade, como metrôs e ônibus elétricos. Além disso, a China tem liderado a adoção de veículos elétricos em larga escala. O Brasil pode aprender com a experiência chinesa ao investir em infraestrutura de transporte público eficiente e sustentável, bem como promover a transição para veículos elétricos.
Estados Unidos: Algumas cidades nos Estados Unidos têm adotado modelos de compartilhamento de veículos elétricos, como carros e patinetes elétricos. Esses sistemas oferecem uma opção de mobilidade flexível e sustentável para os moradores urbanos. O Brasil pode considerar a implementação de programas de compartilhamento de veículos elétricos para reduzir a dependência de carros particulares e melhorar a eficiência do transporte urbano, finaliza Rosane Roverelli.